Prudentópolis

A comunidade mais ucraniana do Brasil rodeada por mais de 100 cachoeiras

Featured Video Play Icon

A estrada hoje levava-nos até Prudentópolis, uma vez mais entre subidas e descidas pela BR-277, onde o desnível positivo e negativo é praticamente o mesmo no final do dia.

Algures na estrada encontrámos esta amiga cujo nome não sabemos

Desde que entrámos no estado do Paraná, um dos três estados do sul do Brasil, apercebemo-nos que a paisagem é dominada por campos e campos de cultivo de soja, milho e trigo intercaladas por araucárias. O estado do Paraná é o segundo maior em produção se soja do país. Como tal, esta é uma estrada cheia de camiões que daí fazem o transporte para o porto de Paranaguá onde exportam para o resto do mundo. Nas bermas da estrada vê-se bastante soja e milho que os camiões vão perdendo no seu trajeto e que as galinhas vão aproveitando.

Cultivo de soja no Paraná

Além da produção de soja e milho, também nos apercebemos que no sul do Brasil existem diversas colónias europeias que se fixaram aqui, procedentes da Alemanha, Ucrânia, Itália, entre outros países. Prudentópolis foi fundada por ucranianos. Em 1896 chegaram aproximadamente 8 mil imigrantes e, atualmente, este é considerado o município mais ucraniano do Brasil, onde aproximadamente 80% dos seus habitantes será descendente dos imigrantes. Aqui ficámos dois dias com Andrey Romaniuk, cuja identidade não se define pela origem ucraniana dos seus antepassados mas pela sua paixão pela escalada.

Andrey deu-nos a provar muitas coisas em sua casa, entre as quais o Peroguê, típico da Ucrânia, uma massa recheada com batata e mozzarella, que é acompanhada com molho de tomate e natas. A sua casa é muito tranquila, assim aproveitámos o dia para descansar e ler, acompanhados por Pinga, uma cadelinha muito simpática.

Pinga desejando um pedaço de manga

Além da culinária, Prudentópolis é também terra das cachoeiras (cascatas), tem mais de cem e muitas delas com mais de 100 metros de altura. Um verdadeiro paraíso ainda por conhecer. Ao final do dia fomos com Andrey e Pinga ver uma das inúmeros cachoeiras de Prudentópolis, o Salto Barão do Rio Branco, com 64 metros. Ficámos apaixonados pelas cachoeiras.

Andrey acabou por dar-nos o livro “Duas viagens ao Brasil” que relata a história de Hans Standen que chegou ao Brasil no século XVI e foi aprisionado pelos Tupinambás, no litoral de Bertioga. Ele foi quase executado e comido por estes mas conseguiu escapar e chegar à Europa onde escreveu um testemunho das suas peripécias no Brasil. É um relato etnográfico muito interessante e descritivo sobre práticas canibais, os modos de vida e os costumes dos Tupinambás.

1 Março, 2017