Las Breñas

Bons dias na capital dos imigrantes com Ricardo e Karen numa região chaquenha conhecida pelos seus meteoritos de ferro

Saímos de Sáenz Peña já um pouco tarde, para uma pedalada de 100 km, mas viemos tranquilos. A nacional 16 a partir de Sáenz Peña torna-se uma estrada bastante mais agradável e segura para pedalar, há menos trânsito e bermas. Pelo caminho encontrámos outro cicloviajante, o Dani de Buenos Aires, que estava a fazer o caminho inverso ao nosso e já estava em viagem há 1 ano.

Nesta zona os esteros desaparecem e voltámos a encontrar-nos com uma velha conhecida de Brasil e Paraguai, a soja. Também vimos cultivo de girassol e de algodão, que nos últimos anos tem vindo a ser substituído pela soja. Aos 30 km deixámos a nacional 16 para seguir pela 89 até Las Breñas, onde as bermas desapareceram de novo e o trânsito de camiões volta a ser intenso.

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Decidimos desviar-nos da nacional 16 apenas para ir ver os meteoritos do Chaco, onde perto da população de Gancedo caiu uma chuva de meteoritos há 4.000 anos, e entre eles estão o segundo e o terceiro maior do mundo. Antes de chegar ao parque de meteoritos “Campo del Cielo” a ideia era descansar nas Breñas com Ricardo e Karen, um casal argentino de raízes alemãs, búlgara, espanhola e macedônia. Para nossa surpresa a ideia de Ricardo e Karen era levar-nos a conhecer o parque de meteoritos. Assim que, cheios de sorte poupámos 100 km em bicicleta.

Entrada de Las Breñas, capital do imigrante
Chegámos ao final do dia com este céu lindo

Na verdade, estar em Las Breñas foi uma experiência muito intensa. Ficámos cinco dias e tivemos um pouco de tudo, desde um dia dedicado ao espaço onde visitámos o parque dos meteoritos pela tarde e há noite tivemos uma seção num observatório em Villa Angela, onde observámos através de um telescópico a Lua, Júpiter, Cumulo de soles e Alfa Centauro. Algo que não imaginávamos fazer por aqui e que foi incrível.

Ricardo e Karen apaixonaram-se pelo nosso projeto e quiseram ajudar-nos na divulgação do mesmo, assim que outra parte da nossa estadia foi dedicada à difusão nos meios de comunicação. Fizemos várias entrevistas, para a rádio, o jornal e a televisão. Superou todas as nossas expetativas, foi estranho e divertido ao mesmo tempo. Durante estas entrevistas, Rúben Barsky o diretor da cultura, fez-nos uma visita guiada à cidade e convidou-nos a ir no dia seguinte ao departamento da cultura, onde nos contou mais algumas coisas sobre a cidade e nos ofereceu livros sobre as Breñas e Argentina. Esta cidade, criada nos anos 20, é conhecida como a capital do imigrante, pois recebeu 27 nacionalidades distintas, incluindo um Argentino!

Momento das entrevistas para os meios de comunicação de Las Breñas y do Chaco
Primeira locomotora que circulou em Las Breñas. Argentina também teve uma expansão ao oeste como EUA o que levou à criação de localidades como Las Breñas

Também pudemos aprender bastante acerca de alimentação, pois karen é nutricionista, e novas receitas, como o matambre, a chipa ou o mate de pomelo. Com eles aprendemos que o alfabeto cirílico foi elaborado por dois monges búlgaros, o que permite a Ricardo ler russo porque sabe búlgaro e é o mesmo alfabeto. Foram dias muito bons e de muita partilha com Karen, Ricardo e Valko, o seu filhote.

Com Karen, Ricardo, Valko e Marcelo
30 Abril, 2017